sexta-feira, 16 de julho de 2010

Avaliação Electrónica/Plano Tecnológico da Educação


Antes de mais, a avaliação electrónica é um conceito que nada tem a ver com a concepção que, frequentemente se tenta incutir-lhe. O Plano Tecnológico da Educação (PTE) define-a como sendo a "Utilização de meios informáticos na avaliação escolar (testes de diagnóstico, de avaliação, exercícios, etc.)" .
Esta concepção constitui uma visão reduccionista, um modelo tradicional e muito limitativo, onde não há construção de aprendizagens por parte dos alunos. No fundo, simplifica a aplicação generalizada de provas e critérios de avaliação e permite o fácil acompanhamento estatístico dos resultados. No entanto, é mais do mesmo! Ou seja, aplica-se as mesmas concepções recorrendo aos meios informáticos que temos ao nosso dispor.
Senão vejamos um dos principais pressupostos do PTE:
- "O Plano Tecnológico da Educação constitui-se como um poderoso meio para atingir uma meta fundamental: a melhoria do desempenho escolar dos alunos, garantindo a igualdade de oportunidades no acesso aos equipamentos". Ora, será que a melhoria do desempenho escolar dos nossos alunos passa apenas pela igualdade no acesso aos equipamentos informáticos? Ninguém questiona que este factor é importante, mas nunca condição única para o sucesso educativo. Devemos, isso sim, aproveitar este factor para diversificar mais as nossas práticas pedagógicas e, desta forma, promover a utilização de novos instrumentos de avaliação dos nossos alunos. Instrumentos esses, que permitam ao aluno desenvolver o seu conhecimento de uma forma autónoma, adquirir habilidades e valores, analisar problemas propondo soluções, entre outros.
Numa das sessões desta formação, este assunto foi largamente discutido por todos nós. Tentamos estabelecer qual a relação entre o PTE e a proposta de Jonassen (2007) – computadores como ferramentas cognitivas? Concluimos, então, que tal como defende este autor,os computadores enquanto ferramentas ampliam as nossas competências cognitivas. Neste aspecto, encontramos consonância entre Jonassen e o Plano Tecnológico da Educação, pois em ambos nos deparamos com a defesa do uso das TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação, nas nossas escolas.
Sabemos que hoje, em quase todas as escolas, para não arriscar e dizer que em todas elas, encontramos salas equipadas com computadores, estes com acesso à Internet de Banda Larga e que estas ferramentas são equipamentos fulcrais no nosso quotidiano, enquanto alunos e professores.
Mas de que servem as ferramentas se não as soubermos “usar”? se não soubermos tirar o devido partido delas?
É necessário que estas tecnologias e ferramentas que nos são disponibilizadas facilitem o desenvolvimento de um pensamento crítico, que por sua vez levem a uma aprendizagem significativa, isto é, a uma aprendizagem activa, construtiva, intencional e autêntica.
Para conseguirmos atingir este objectivo devemos começar por formar os professores para que estes saibam como construir ferramentas que vão de encontro a uma aprendizagem significativa. Para que possam ensinar aos alunos a utilizar conscientemente estas ferramentas, para que, tal como acontece nos dias de hoje, não pensem que a Internet serve para “sacar” jogos, música e filmes, mas para algo mais grandioso como a interacção de diferentes conhecimentos.
No fundo, devemos reconhecer a existência de duas concepções distintas de avaliação electrónica: por uma lado, uma avaliação das aprendizagens on-line e, por outro, uma avaliação on-line das aprendizagens.
Enquanto que na primeira, estamos perante um modelo socio-construtivista da avaliação, que permite um acompanhamento dos processos de aprendizagem dos alunos, diversificar momentos, fontes e instrumentos de avaliação, conduzindo inevitavelmente a uma auto-regulação e avaliação formativa; na segunda, tal como já referi, estamos perante um modelo tradicionalista, onde as concepções são as mesmas, apenas se diversifica a metodologia.
O potencial pedagógico da avaliação electrónica é muito vasto. Destaco po exemplo, a "Extensão virtual da sala de aula presencial” (Gomes, 2005), que como se perceberá posteriormente, se revelou um factor importantíssimo num dos instrumentos que desenvolvi e implementei - a visita virtual a Paris.
Concluo que efectivamente já trabalhava com recurso a este tipo de avaliação, por exemplo, na dinamização de blog's relacionados com a disciplina que lecciono - Geografia. No entanto, aprendi que são muitos e diversificados os instrumentos que podemos construir ou utilizar na sala de aula e que, quando bem implementados, com uma clara definição de objectivos, podem revelar-se uma outra forma de encarar o ensino e, consequentemente, uma nova forma de avaliar as aprendizagens dos nossos alunos.

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