sexta-feira, 3 de julho de 2009

1. O que é a avaliação?

Avaliar vem do latim, mais valere, que significa atribuir valor e mérito ao objecto em estudo. Portanto, se nos reportássemos apenas ao verdadeiro significado da paravra, avaliar seria atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do seu resultado. Por esta lógica, associa-se o acto de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos alunos.
Porém, a avaliação está longe de ser uma régua que vai medindo o grau de apreensão dos conteúdos por parte dos alunos, à medida que se avança nas aprendizagens. Para mim avaliar nunca se resumiu à mecânica formal e meramente estatística de pura e simplesmente atribuir notas obrigatórias que determinariam o avanço ou a retenção de um aluno.
Quando fomos questionados pela formadora com esta questão, do que era para nós a avaliação, é óbvio que esta não era a minha percepção do conceito. Pelo menos, não ao nível da educação. Contudo, à medida que fomos abordando e discutindo esta temática, pude perceber que a minha concepção acerca do que é a avaliação, carecia ainda de alguma clarificação.
Pude, então constatar que a avaliação, para além de ser uma parte integrante e fundamental do processo ensino/aprendizagem, é também, ou deveria ser, um processo de negociação, ou seja, deve ser encarada como um processo interactivo, negociado, construtivista, cuja finalidade deve ser fornecer aos agentes educativos, nomeadamente ao aluno e ao professor, o feedback das aprendizagens, por forma a que este possibilite uma regulação constante das estratégias e modalidades de apoio.
Aqui, a avaliação possui a tarefa de se centrar na “(...) forma de como o aluno aprende, sem descuidar da qualidade do que aprende (Álvarez Méndez, 2002: 19) para orientar o docente a ajustar seu fazer didáctico de maneira que produza desafios que se transformem em aprendizagens para os aprendentes. Ou seja, (...) a maneira como o sujeito aprende [passa a ser] mais importante que aquilo que aprende, porque facilita a aprendizagem e capacita o sujeito para continuar aprendendo permanentemente. Conscientes do modo como o sujeito aprende [o professor] descobre a forma de ajudá-lo”.
Claro está que várias perguntas assolaram de imediato a minha mente: como implementar um processo avaliativo que não seja punitivo, classificatório e selectivo? Que não tenha como centralidade a nota? Como avaliar a partir das emergentes formas de ensinar? Como fazer da avaliação um processo/instrumento de acompanhamento, mediação, diálogo e intervenção mútua entre o ensino e as aprendizagens? Como usar o processo avaliativo para reorientar a prática docente e consciencializar os nossos alunos acerca do seu percurso de aprendizagem? Estas foram algumas das questões que debatemos amplamente nesta acção de formação e que em muito contribuiu para uma troca de ideias e uma partilha de experiências verdadeiramente enriquecedoras.

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